Com a nova diretoria, a Associação dos Lojistas da Monsenhor Tabosa (Almont) tem o intuito de intensificar as mudanças em um dos mais tradicionais corredores comerciais de Fortaleza, atraindo, assim, maior fluxo de pessoas e vendas para a Avenida Monsenhor Tabosa. “Esperamos que a Monsenhor Tabosa volte a ser o que era antes, muito movimentada. O faturamento deve crescer 30% após as mudanças. Já no fim deste ano, a gente deve começar a se recuperar”, declara a presidente da Almont, Márcia Sérgia Oliveira.
Há dois meses à frente da entidade, ela enfatiza em sua gestão um novo pensamento para a região. “Colocamos nossa ideia dentro do projeto de revitalização da Praia de Iracema, junto com as secretarias municipais de Turismo (Setfor) e Cultura (Secultfor)”, comenta. A intenção é trazer para o corredor mais bares, atividades culturais, lazer e criar o hábito de uma vida noturna na região. “A proposta é abrir o espaço para os artistas locais, ações sociais e gastronomia. Será a nova Lapa brasileira”, afirma.
Ontem (11), a Câmara Municipal de Fortaleza aprovou o projeto que cria o Corredor Turístico da Monsenhor Tabosa, entre as Ruas Almirante Jaceguai e João Cordeiro. “Foi uma vitória para nós, lojistas, que esperávamos o reconhecimento legal deste equipamento como um atrativo turístico. A aprovação deve atrair mais empresários para a avenida e ainda reforçar a divulgação como ponto turístico de Fortaleza”, comemorou a presidente da Almont.
De acordo com Márcia Sérgia, vão existir incentivos fiscais para quem for ocupar a Monsenhor Tabosa. Na próxima semana, ela participa de agenda com as secretarias para discutir detalhes da inclusão no projeto de revitalização da Praia de Iracema. Segundo a presidente da Almont, já foi feito o mapeamento da avenida, onde poderá ter bares com espaços para mesas na calçada e som, além de como será apresentado o projeto, o que deve ocorrer junto com a ocupação do Estoril, no próximo mês. Em julho, sairão as definições a respeito dos incentivos fiscais. “Este é um mês (julho) bom para nós, como se fosse dezembro por conta do fluxo de turistas”, diz.
Horário estendido
Márcia Sérgia acredita que a melhoria vai ser muito grande. “Estamos perdendo mercado por conta do horário de funcionamento. Precisamos repensar a avenida para os turistas e para os fortalezenses”, afirma. A presidente da Almont considera que o horário ideal de funcionamento da via seja das 9h às 21h. Hoje, as maior parte das lojas em funcionamento, no total 232, abre das 9h às 19h. Segundo a Almont, um pouco mais de 10% do montante de estabelecimentos de ruas estão fechados. Também está sendo feito um trabalho com os donos dos imóveis para que renegociem os valores de locação. Para julho, nos dias 14 e 15, está agendada a 3ª edição do bazar no local.
Acompanhando este “novo espírito” da avenida, o sócio-proprietário do Shopping Monsenhor Tabosa, Paulo Carvalho, está inovando e reformando seu espaço onde funcionava uma galeria com 40 lojas. No local, na primeira fase, serão seis ou sete novas lojas com cerca de 100 m², pé direito alto e mezanino, além de um estacionamento com aproximadamente 50 vagas.
“Estamos fazendo uma reforma geral porque a galeria é muito antiga, houve uma mudança no perfil do lojista e do consumidor”, avalia Carvalho. Em sua análise, antes, na avenida, eram vistas lojas pequenas, mas isso mudou. Ele, sabe que a Avenida tem loja fechada como em todo shopping, mas as que estão abertas têm boas marcas, mercadorias e estrutura física.
O projeto aguarda uma liberação da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). “Ainda não tem previsão, mas depois do alvará, serão três meses de obras para a primeira fase ser concluída”, explica. A segunda será a construção de 50 estúdios, pequenos apartamentos, em cima do estacionamento. Paulo Carvalho conta que tem fila de espera para as lojas, entre as empresas uma farmácia e uma loja âncora de variedade. Os valores ainda não foram definidos.
Comércio local
Há sete anos na Avenida, a proprietária da loja de roupas femininas Baiocco, Ingrid Baioco, lembra que quando começou na Monsenhor Tabosa, o local era considerado polo turístico, o que facilitava as vendas. “Após as obras de revitalização da Prefeitura, foram 11 meses com as lojas fechadas e o fluxo de turista diminuiu. A queda foi de 30%, estamos aguardando esta nova revitalização”, declara.
A lojista acredita que a mudança de horário para atender os clientes é válida, assim como bares, restaurantes e galerias. “Se incorporássemos a cultura, seria muito atrativo aos turistas”, justifica.
Com duas lojas no corredor e no comércio local há 40 anos, o diretor da Felícia Calçados, Maurício de Castro, considera a avenida como “uma menina”. “Aqui tem variedade de produtos e as lojas praticam preços acessíveis. Temos parcelamento em até seis vezes também”, indica. Castro sabe que, assim como o País, a Avenida passa por um período de recessão, mas defende que basta as coisas melhorarem que a Monsenhor Tabosa melhora em 30 dias.
“Mesmo com a crise, o fluxo ainda é bom. A partir do segundo semestre deste ano vamos ver a avenida com todas as lojas locadas e bom fluxo. Estou muito otimista. Acredito que, neste ano, a gente pode aumentar em 20% o faturamento do acumulado do ano ante 2016”.
Gestão pública
O titular da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), Evaldo Lima, avalia que o corredor da Monsenhor Tabosa é fundamental para a economia da Capital e, por isso, precisa ser valorizado. “A Secultfor planeja uma série de ações culturais para a Praia de Iracema, em vários espaços, como o Estoril, o calçadão e o corredor da Monsenhor Tabosa. A programação para região ainda está sendo concluída e deve ser divulgada em breve”.
Para o secretário municipal de Turismo de Fortaleza (Setfor), Alexandre Pereira, a inclusão da avenida no projeto de revitalização da Praia de Iracema tem como objetivo movimentar a economia e trazer os fortalezenses e turistas de volta ao local. “O plano prevê estender todos os benefícios para o corredor turístico, incentivando novos negócios no local. Em parceria com o Sebrae, também iremos capacitar os vendedores. A ideia é movimentar o espaço, alavancar as vendas, trazer novos investidores e até mesmo transformar a Avenida em um polo de lazer, com uma programação cultural”, enfatiza. O projeto conta ainda com parcerias público-privadas e a criação de uma Zona de Interesse Turístico, com incentivos e permissões na região.
Em 2014, a Monsenhor Tabosa foi totalmente requalificada pela Prefeitura, em parceria com o Ministério do Turismo, e recebeu o aporte de R$ 5,9 milhões. Os serviços consistiram em melhorias ao longo de seus 700 metros de extensão, com obras de drenagem, pavimentação e iluminação, calçadas com pisos antiderrapantes e elevações para cadeirantes e construção de 45 caramanchões para aumentar as áreas sombreadas do local.
