Comércio já esperava manutenção das condições de funcionamento, dizem representantes do setor

A expectativa é que, após mais uma semana de abertura restrita, Governo do Estado concederá nova flexibilização.

A manutenção do atual decreto estadual que determina as condições de funcionamento do comércio por mais uma semana não pegou o setor de surpresa. Representantes da atividade revelam que decisão já era esperada e que se faz necessária diante dos índices ainda altos de infecção por Covid-19 no Ceará. Ainda assim, eles apostam em uma nova flexibilização na semana seguinte.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio), Maurício Filizola, reconhece que a reabertura precisa ser feita aos poucos.

“Nós já esperávamos essa decisão e esperamos que, na próxima semana, consigamos avançar mais nos horários e serviços permitidos ao retorno. É preciso um passo de cada vez”, afirmou, após anúncio de manutenção das medidas em vigor feito pelo governador Camilo Santana (PT) neste sábado (17).

Desde a última segunda-feira (12), o comércio de rua está funcionando das 10 às 16h, incluindo os restaurantes, enquanto os shoppings podem abrir das 12h às 18h, assim como os estabelecimentos de refeição fora do lar localizados nesses centros de vendas. O limite de capacidade é de 25%.

O isolamento social rígido permanece aos fins de semana, quando o funcionamento do comércio de rua não é permitido.

DECISÃO DESAGRADA PARTE DO SETOR

O horário e a capacidade ainda reduzidos desagrada parte dos empreendedores cearenses. Ainda assim, a classe, em geral, lembra a necessidade de ter paciência.

“Claro que se a gente for ouvir o lado empresarial, muitos desejariam uma amplitude maior. Mas temos que compreender o papel do Estado. Estamos no caminho certo e, em mais uma semana, estaremos com maior normalidade no comércio”, ressaltou Filizola.

O presidente em exercício da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza), Honório Pinheiro, reforça a compreensão sobre a decisão do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus.

“Esse assunto traz muita contradição. A gente quer que o comércio funcione, mas também queremos que a pandemia seja controlada. Quem tem os índices e a capacidade de avaliação dessa situação é o Governo”, ponderou.

Ele também destaca que, apesar das restrições e de não ser da maneira que o setor gostaria, o comércio já está aberto novamente.

FALÊNCIAS DEVE INTENSIFICAR ENTRE RESTAURANTES

Ao contrário do comércio, o setor de alimentação fora do lar demonstrou desapontamento com a prorrogação do funcionamento já em vigor. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel), Taiene Righetto, revela que a expectativa era que houvesse extensão do horário.

“Essa prorrogação nos pegou de surpresa, a gente esperava um pouquinho mais de flexibilização. Nosso setor voltou, mas só com 20% da capacidade. A gente fez as contas dessa semana e foi muito ruim o faturamento, muito baixo, até porque muitas atividades ainda não voltaram”, afirmou.

Ele estima que as receitas da última semana são 60% menores que os ganhos normais observados no horário de 10h às 16h. “Mesmo com 20% da capacidade, o que já é muito baixo, tivemos um faturamento péssimo. Então, foi uma semana muito cruel. Contávamos com uma flexibilização um pouquinho maior de horário e talvez até no fim de semana para a gente conseguir dar uma alavancada melhor”, lamentou.

Taiene Righetto ainda pontua que 80% dos estabelecimentos estão sem condições de honrar a folha de pagamento, o que obriga os funcionários a ficarem em casa sem receber. O avanço da retomada, segundo ele, daria ânimo aos trabalhadores.

“Teremos mais uma semana dura com nova enxurrada de falências. Não digo nem demissões, porque os relatos que chegam é que não tem dinheiro nem para demitir”, revelou o presidente da Abrasel.

ANÚNCIO DO NOVO DECRETO

O governador Camilo Santana divulgou a decisão do comitê de prorrogar o atual decreto estadual em transmissão ao vivo pelas redes sociais no fim da manhã deste sábado (17). O chefe do Executivo justificou que a medida é baseada em uma estratégia de análise para dar maior segurança ao processo de reabertura.

“A decisão do Comitê é de manter o decreto pelos próximo sete dias para a gente poder completar o ciclo epidemiológico de 14 dias e avaliar com mais segurança, até porque ainda há uma pressão muito alta na demanda assistencial”, explicou o gestor.

Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/paywall-7.100?aId=1.3074485

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